Vírus

Introdução

Os vírus diferem dos demais seres vivos pela ausência de organização celular, por não possuírem metabolismo próprio e por não serem capazes de se reproduzir sem estarem dentro de uma célula hospedeira. São parasitas intercelulares obrigatórios, sendo conseqüentemente responsáveis por várias doenças infecciosas.

Com base nessas características, alguns cientistas consideram os vírus como partículas infecciosas (que causam infecção) e não como seres vivos, pois fora da célula hospedeira não manifestam suas propriedades vitais. Somente depois que invadem as células eles passam a comandar o metabolismo celular, produzindo novos vírus.

Outros cientistas, no entanto, consideram os vírus como seres vivos extremamente simples, que no curso da evolução teriam perdido a estrutura celular, ficando restritos ao essencialmente necessário para reprodução, característica fundamental para perpetuação das espécies.

Os vírus são formados basicamente por uma ou mais cápsulas protéicas, que abrigam em seu interior as substâncias químicas presentes no corpo de todos os seres vivos: os ácidos nucléicos. No caso do demais seres vivos, dois tipos de ácidos nucléicos estão presentes: o DNA e o RNA. Entretanto, no caso dos vírus, existem os que possuem como material genético só o DNA (vírus de DNA) e os que possuem só o RNA (vírus de RNA), nunca havendo os dois ácidos nucléicos no mesmo vírus.

Uma vez no interior de uma célula hospedeira, o ácido nucléico viral passa a comandar a reprodução do vírus. Os ácidos nucléicos virais podem também sofrer mutações e originar novos tipos de vírus. Assim, com base na presença de ácidos nucléicos, na capacidade de reprodução e de evolução, os vírus são considerados por alguns como seres vivos.

  • De onde vieram os vírus?

A hipótese mais aceita sobre a origem dos vírus é a de que eles derivam de trechos de ácidos nucléicos que “escaparam” de organismos celulares, surgindo a partir de células de bactérias, protistas, fungos, plantas e animais. A múltipla origem do vírus pode explicar sua alta especificidade: eles infectam apenas organismos intimamente relacionados a sua origem. Essa hipótese é sustentada pela grande similaridade existente entre o material genético dos vírus e o das células que eles infectamsimilaridade maior que a verificada entre os diferentes tipos de vírus.

1. Classificação dos Vírus

A classificação visa descrever a diversidade de vírus, nomeando e agrupá-las com base nas semelhanças. Em 1962, André Lwoff, Robert Horne, e Paul Tournier foram os primeiros a desenvolver um meio de classificação de vírus, baseado no sistema hierárquico de Lineu. Este sistema de classificação em bases filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Os vírus foram agrupados de acordo com suas propriedades comuns (não aqueles de seus hospedeiros) e do tipo de ácido nucléico formando seus genomas. Posteriormente, o Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus foi formada.

  • Classificação ICTV

O Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV) desenvolveu o sistema de classificação atual e escreveu as diretrizes que colocar um peso maior sobre as propriedades de determinados vírus para manter a uniformidade da família. Uma taxonomia unificada (um sistema universal para classificar os vírus) foi estabelecida. O 7 º Relatório lCTV formalizada pela primeira vez o conceito de espécies de vírus como o menor taxon (grupo) em uma hierarquia de ramificação dos taxa viral. No entanto, actualmente apenas uma pequena parte da diversidade total de vírus tem sido estudada, com análises de amostras de seres humanos constatação de que cerca de 20% das seqüências do vírus recuperado não ter sido visto antes, e as amostras do meio ambiente, tais como a água do mar e de sedimentos oceânicos, descobrindo que a grande maioria das seqüências são completamente novos.

A estrutura geral taxonômica é a seguinte:

Ordem (virales)

Família (viridae)

Subfamília (virinae)

Gênero (”vírus”)

Espécie (”vírus”)

Na atual taxonomia ICTV (2008), cinco pedidos foram estabelecidas, a Caudovirales, Herpesvirales, Mononegavirales, Nidovirales e Picornavirales. A comissão não se formalmente a distinção entre subespécies, estirpes e isolados. No total, há 5 ordens, 82 famílias, 11 subfamílias, 307 gêneros, 2.083 espécies e cerca de 3.000 tipos ainda não classificados.

  • Classificação Baltimore

O ganhador do Prêmio Nobel David Baltimore, biólogo inventou o sistema de classificação de Baltimore. O sistema de classificação ICTV é usado em conjunto com o sistema de classificação de Baltimore na classificação de vírus modernos.

A classificação dos vírus Baltimore é baseado no mecanismo de produção de mRNA. Vírus deve gerar mRNAs de seus genomas para produzir proteínas e se replicar, mas os diferentes mecanismos são utilizados para esta finalidade em cada família de vírus. Com isso os vírus podem ser classificados em sete classes:

Classe I – DNA de banda (ou fita) dupla.
Classe II – DNA de banda simples.
Classe III – RNA de banda dupla.
Classe IV – banda simples de RNA positivo (isto é, o RNA é imediatamente traduzido pelos ribossomos, atuando como se fosse RNA mensageiro).
Classe V – banda simples de RNA negativo (é necessário transcrever a banda em RNA mensageiro).
Classe VI – banda simples, positiva, de RNA, com DNA como intermediário na formação das proteínas (retrovírus).
Classe VII – banda dupla de DNA com um RNA intermediário na replicação (Hepadnavírus).

Esse último pode parecer que tem DNA e RNA, mas nesse caso o RNA só aparece durante a replicação dentro da célula hospedeira e não é parte do vírus.

2. Estrutura dos Vírus

Os vírus são menores que as menores células conhecidas, sendo visíveis apenas ao microscópio eletrônico.

Eles podem ter formas variadas, mas o ácido nucléico sempre se apresenta envolto por uma ou mais cápsulas protéicas, denominadas capsídeos. As proteínas que compõem o capsídeo são específicas para cada tipo de vírus. O conjunto formando pelo capsídeo e o ácido nucléico que ele envolve recebe o nome de nucleocapsídeo.

Alguns vírus são formados somente pelo nucleocapídeo, ou seja, contêm apenas o ácido nucléico envolto pela capsula protéica. Outros possuem também um envoltório ou envelope externo ao nucleocapsídeo, sendo denominados vírus capsulados ou envelopados.

O envelope externo consiste principalmente de moléculas de proteína virais, específicas para cada tipo de vírus, imersas numa bicamada lipídica derivada da membrana plasmática da célula hospedeira.

Para que o vírus penetre em uma célula deve haver interação das proteínas virais com proteínas receptoras presentes na membrana plasmática das células. Essa interação é específica, de modo que cada tipo de vírus infecta apenas certos tipos de células.

Os vírus mais conhecidos e estudados são os que infectam bactérias (denominados bacteriófagos), os que infectam células de plantas e os que infectam células de animais.

3. Bacteriófagos

Bacteriófagos, ou simplesmente fagos, podem ser vírus de DNA ou RNA. São formados apenas pelo nucleocapsídeo, não existindo formas com envelope.

A reprodução ou replicação dos bacteriófagos, assim como dos demais vírus, ocorre somente no interior de uma célula hospedeira.

Existem basicamente dois tipos de ciclos de replicação nos bacteriófagos: o ciclo lítico e o ciclo lisogênico.

Esses ciclos começam quando o fago adere à superfície da célula bacteriana por meio das fibras protéicas da cauda. Esta se contrai, introduzindo sua parte central e tubular na célula.

O DNA do vírus é então injetado no interior da bactéria e a cápsula protéica vazia fica fora da célula. A partir desse momento começa a diferenciação entre o ciclo lítico e o lisogênico, ambos explicados na figura a seguir.

Acima estão representados dois ciclos: lisogênico e lítico.

O ciclo no qual o DNA viral incorpora-se ao DNA bacteriano e não interfere no metabolismo da bactéria, que se reproduz normalmente, transmitindo o DNAviral aos seus descendentes é chamando de ciclo lisogênico.

No ciclo lítico o DNA viral passa a comandar o metabolismo bacteriano e a formar vários DNAs virais e cápsulas protéicas, que se organizam formando novos vírus. Ocorre a lise da célula, liberando vários vírus que podem infectar outras bactérias, reiniciando o processo.

4. Doenças humanas virais

O Ser Humano pode ser infectado por diversos tipos de vírus. Boa parte dos tecidos e órgãos humanos podem sofrer algum tipo de infecção viral.

Uma virose se inicia com um agente etiológico, que é o nome dado ao agente que causa à doença, no caso, o agente etiológico seria o vírus; mas para que esse vírus se prolifere, é necessário, na maioria das vezes, um vetor, que será o “transporte” para o vírus. Tal vetor pode ser animado ou inanimado e é ele quem fará com que ocorra a contaminação; a exemplo de vetores animados, podemos citar o Aedes Aegypti no caso da Dengue e o ser humano no caso da AIDS; ainda falando sobre o vírus HIV, podemos citar vetores inanimados, como agulhas e seringas contaminadas com o vírus.

A transmissão da doença pode se dar de diversas maneiras e de formas diferentes levando em consideração cada vetor. Os exemplos mais conhecidos de transmissão de vírus são os da Dengue e o da AIDS. De forma bem sucinta, a transmição da Dengue se dá com a picada da mosquito fêmea do Aedes Aegypti contaminado com um arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae.

Em relação à AIDS, a contaminação se dá durante a relação sexual sem preservativo de um indivíduo já portador do vírus, por transfusão de sangue, contato com agulhas, seringas ou curativos de indivíduos contaminados, ou ainda de forma hereditária, ainda durante a gestação ou até mesmo durante a amamentação.

O indivíduo que recebe o agente etiológico parasita é chamado de hospedeiro.

Quando um agente etiológico contamina diversas pessoas, a doença provocada por ele pode tomar proporções gigantescas, e para diferenciar a magnitude do problema, surgem três denominações: a endemia, epidemia e pandemia. Essas caracterizações, respectivamente, esclarecem sobre o menor nível de abrangência da doença até o maior.

A endemia é caracterizada por um surto da doença em uma região isolada, ou seja, sem grandes proporções, chamada de “faixa endêmica”; geralmente o agente etiológico se manifesta por uma causa local. No Brasil por exemplo, observa-se regiões endêmicas, como a Região Amazônica nos períodos do ano em que acorrem surtos de Febre Amarela.

Já a epidemia, é caracterizada por doenças infecciosas de rápida contaminação e disseminação podendo se espalhar rapidamente para outras regiões, causada, na maioria das vezes por uma mutação ou até mesmo o aparecimento de um novo vetor para a doença, como foi o caso da Gripe Aviária há alguns anos.

A pandemia é o pior estágio de disseminação de uma doença, geralmente decretado em casos nos quais tal agente etiológico possa atingir proporções continentais e até mesmo globais, devastando assim regiões e causando inúmeras mortes (para ser considerada pandemia, a doença deve ser contagiosa, apresentando um alto índice de contaminação, ser de disseminação rápida e de alta gravidade).

4.1. Dengue

O mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, foi introduzido na América do Sul através de barcos (navios negreiros) provenientes da África, no período colonial, junto com os escravos. Houve casos em que os barcos ficaram com a tripulação tão reduzida que passaram a vagar pelos mares, constituindo os “navios-fantasmas”.

A infecção pelo vírus se dá pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti (que possui hábitos diurnos), pois ela se alimenta de sangue (é hematófaga), enquanto o macho é herbívoro (fitófago). O controle da população de Aedes aegypti é fundamental no combate ao dengue e à febre amarela, e as principais medidas nesse sentido são:

  • Não deixar água parada em vasos, pneus, latas ou qualquer outro recipiente, assim como não deixar caixas-d’água ou reservatórios sem tampa, pois as fêmeas desse mosquito colocam seus ovos na água e deles eclodem larvas, que aí vivem até a metamorfose, quando passam para o ambiente aéreo;
  • Usar substâncias químicas como larvicidas e inceticidas para combater as larvas e os adultos desses insetos.

Mas afinal o que é dengue? É uma doença infecciosa causada por um arbovírus que possui quatro variedades: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, que ocorrem principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo, inclusive no Brasil. As epidemias geralmente ocorrem no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos.

O dengue apresenta-se sob duas formas principais: a clássica e a hemorrágica.

No dengue clássico (que corresponde a cerca de 95% dos casos), os sintomas são muito variáveis. Geralmente o doente apresenta febre alta, dor de cabeça, dores nas juntas, fraqueza, falta de apetite, manchas vermelhas na pele e pequenos sangramentos (no nariz e nas gengivas). Raramente é fatal.

No dengue hemorrágico, os sintomas iniciais são semelhantes aos do dengue clássico, porém depois que a febre começa a ceder a pessoa passa a apresentar queda acentuada na pressão arterial, que pode causar a morte.

Não existe tratamento específico para dengue, apenas tratamentos que aliviam os sintomas. Deve-se ingerir muito líquido, como água, sucos, chás, soros caseiros, etc. Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetil salicílico e antiinflamatórios, como aspirina e AAS, pois podem aumentar o risco de hemorragias.

4.2 AIDS

  • PROCESSO QUE DEFINE O RETROVÍRUS

O RNA viral é inicialmente transcrito em DNA viral por ação de uma enzima especial denominada transcriptase reversa, que é uma enzima que ocorre na forma inativa no interior do vírus, mas torna-se ativa após penetrar na célula hospedeira. Essa enzima recebe esse nome porque realiza uma função inversa da que ocorre nos seres vivos: ela é uma enzima que transcreve de modo inverso. Assim, a transcriptase reversa utiliza a molécula de RNA do vírus como molde e a transcreve em uma molécula de DNA. O RNA usado como molde é degradado ao final do processo, após ter sido transcrito várias vezes em moléculas de DNA. Uma vez formadas as moléculas de DNA, elas são transcritas em RNA, que passarão a comandar a síntese protéica.

RNA –> DNA –> RNA –> Proteína

Vários tipos de retrovírus, que causam diversas infecções até mesmo câncer em animais, já foram identificados desde o início do século XX, mas somente em 1980 foi isolado o primeiro retrovírus na espécie humana: o HTLV-I, que infecta linfócitos T e causa um tipo de leucemia. Dois anos mais tarde foi descoberto outro retrovírus, o HTLV-II, que provoca outro tipo de leucemia.

O primeiro caso de AIDS foi diagnosticado em 1981, e somente em 1983 conseguiu-se provar que essa síndrome é causada por um novo tipo de retrovírus, que recebeu a denominação Vírus da Imunodeficiência Adquirida ou HIV (sigla derivada do inglês).

  • Sobre a doença

AIDS é uma sigla inglesa que significa “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”. A AIDS caracteriza uma doença que danifica o sistema imunológico do indivíduo. Quando um indivíduo tem AIDS ele está sujeito a adquirir doenças causadas por bactérias, fungos, vírus, etc. O agente etiológico da AIDS é o vírus HIV; no organismo, esse vírus ataca e destrói as células chamadas de linfócitos T, que é uma das principais células de combate de doenças infecciosas, como o próprio HIV. A transmissão do vírus pode se dar de diversas formas tanto por vetores bióticos como abióticos; a forma mais comum de transmissão é por relações sexuais (anal, vaginal ou oral) sem o uso de camisinha; além dessa forma de transmissão, também podemos citar a transfusão onde o receptor recebe sangue contaminado, uso de agulhas ou seringas já usadas e infectadas, em transplante de órgãos, inseminação artificial e bancos de leite maternos sem controle de qualidade para evitar a contaminação ou ainda de mãe para filho durante a gestação, o parto e a amamentação. A fase aguda da doença, que se manifesta após cerca de três semanas após a contaminação é caracterizada em geral como um quadro gripal, com febre, mal estar e dores no corpo que pode ou não estar acompanhada de manchas avermelhadas pelo corpo e as famosas ínguas em diferentes partes do organismo, tal fase dura cerca de duas semanas, e como possui sintomas em comum com outras viroses, pode acabar passando despercebida, ou seja, não é possível fazer um auto-diagnóstico de contaminação, sendo recomendado o teste anti-HIV para confirmação. No momento, não há cura para a AIDS nem vacina efetiva para a prevenção, visto que o vírus HIV sofre constantes mutações dificultando assim a criação de medicamentos, mas existem sim, drogas que inibem a replicação do vírus, o chamado coquetel.

Como medidas profiláticas para a AIDS restam à prevenção e a confiança; prevenção durante as relações sexuais, fazendo uso da camisinha e dentro do possível, manter uma relação monogâmica com parceiro comprovadamente HIV negativo.

Além disso, é de suma importância evitar compartilhar objetos de uso pessoal e que possam ter contato com o sangue, como por exemplo, navalhas e alicates de cutícula e exigir controle de qualidade e segurança em laboratórios e ambientes onde são usadas agulhas, seringas e outros objetos de uso hospitalar.

 

  • Como o HIV se reproduz

Saiba +

Vídeo

http://www.youtube.com/watch?v=hIfeUdfmhP4

Outras doenças causadas por vírus

http://www.grupoescolar.com/materia/doencas_causadas_por_virus.html

Mapas da Dengue

http://www.dengue.org.br/dengue_mapas.html

Pesquisa de vacinas anti-HIV

http://www.stepstudies.com/new/port/vacinas.shtml

Humor


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